Nassim Taleb, escritor libanês, classifica como Cisne Negro (ensaio relatado no livro “A Lógica do Cisne Negro: O Impacto do Altamente Improvável”) os eventos sem precedentes e avisos prévios que ocorrem e transformam radicalmente uma comunidade ou a humanidade.
Para algumas pessoas, a COVID-19 se encaixa perfeitamente na fórmula de Taleb. Para outras, porém, trata-se de uma manobra chinesa – com aviso, portanto – dentro da chamada Guerra Fria 2.0, o que descaracteriza o Cisne Negro.
Seja como for, é inegável que o Coronavírus alterou nossa sociedade, os comportamentos humanos e a forma como nos relacionamos. Ainda é cedo para dizer se esse efeito perdurará e como nos afetará a médio e longo prazo, mas podemos afirmar que, neste momento, ainda estamos perdidos e reaprendendo a conviver.
Além do relacionamento, a forma como enxergamos o mundo também foi alterada. Basta ver o crescente envolvimento das pessoas na política, economia e cultura, além da busca por conhecimento nestes assuntos que, segundo o sociólogo espanhol Manuel Castells, são pilares fundamentais da era da informação.
A maneira como trabalhamos, principalmente para aqueles com acesso a tecnologia, atravessa um cisma sem retorno. Home office (agora acompanhamos o nascimento do termo anywhere office), conferências, longas horas de trabalho, crianças e jovens em casa dividindo a atenção o dia todo, queda vertiginosa da criatividade e da paciência.
“Estado de sofrimento” em uma pessoa é definido como “aquele em que há um desconforto com seu funcionamento, com a sua existência”, e a grande maioria dos seres humanos passou ou está passando por esse estado na pandemia. Medo de perder o emprego ou quebrar a empresa, medo da economia, medo da desinformação, medo de sair de casa, medo de ficar em casa, medo de ficar doente, medo de alguém próximo adoecer, medo da iminência da morte, medo e mais medo. Infelizmente esses medos se concretizaram para muita gente, o que fez explodir os casos de doenças mentais e suicídio.
O tripé das competências (soft skills) em um processo de coaching executivo é composto por visão, trabalho e relacionamento, tópicos abordados no início do artigo, mas, para além do mundo corporativo, também exercemos o tripé no mundo cotidiano.
O impacto no mercado de trabalho
Relembremos alguns pontos-chaves desse texto: home office, aumento de produtividade, baixa criatividade e estado de sofrimento. Agora, junte a eles o famigerado “novo normal”, modelo de trabalho híbrido (parte em casa, parte na empresa), a indecisão da alta liderança sobre qual caminho seguir e a falta de clareza na comunicação geral.
Há também a instabilidade econômica, a polarização política, o aumento do desemprego de um lado e a falta de mão de obra qualificada do outro.
Como manter a boa saúde dos colaboradores e a cultura da empresa em dia?
O RH como protagonista
Confesso que não sou adepto das várias nomenclaturas hoje usadas para o RH, como “RH 4.0” – que em alguns lugares já foi atualizado para 5.0, “RH Estratégico” ou “RH Digital”, porém, sou entusiasta e defensor da transformação dos recursos humanos de uma empresa como área estratégica e tática, não como departamento.
Essa transformação é fundamental para sustentar a travessia da pandemia e de seus impactos negativos, além de permitir enxergar oportunidades, tornando-as benefícios.
O Business Partner, ou Parceiro de Negócios, é a pessoa que faz a ligação entre as áreas de negócios e recursos humanos, eliminando ruídos na comunicação, aumentando o campo de visão da liderança e gerando insumos, junto com os setores de business intelligence e people analytics, para tomadas de decisão.
Recomendo uma boa plataforma de engajamento e desempenho para auxiliar nesse processo, trazendo informações como pesquisa de clima, termômetro emocional, pesquisas internas, comunicação, reconhecimento, eNPS, avaliação de desempenho, feedbacks contínuos, reuniões 1:1 e PDI.
O teste DISC serve para medir comportamentos observáveis muito além do acrônimo dominante, influente, estável e cauteloso. Cada uma dessas dimensões é composta por características positivas e vulneráveis, dando luz a comportamentos que podem ser nocivos à saúde do colaborador.
Um ponto importante a ser destacado é o quadro de motivadores e estressores. Entender esses dois pontos de cada pessoa gera o poder de criar estratégias para aumentar o nível de motivação e satisfação da equipe e mitigar ou suprimir os gatilhos de estresse.
Não é uma tarefa simples, mas é totalmente possível, desde que haja uma estrutura hierárquica bem definida, alinhamento de expectativas e desejos e confiança entre todos para que o plano de ação seja executado.
O RH é protagonista, mas não pode estar nessa empreitada sozinho. Contar com o alinhamento e integração das áreas é mais do que necessário. Fomentar a liderança humanizada, a autoliderança de todos e constituir equipes autogerenciáveis é essencial para sair do outro lado com bastante energia.
O cisne negro do Taleb pode nos pegar desprevenidos mas, com a tecnologia na era da informação de Castells, temos cada vez mais recursos e capacidades para nos defender.
A pergunta que fica é: o seu RH está preparado para essa nova realidade?
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